Pages

domingo, 24 de abril de 2011

7

A moça...

Eu nunca entendi o porquê de destilar toda essa felicidade virtual insípida e exacerbada em frases de perfil mastigadas por tantas redes sociais. Aquele subnick em caixa alta, a replicação exagerada da sílaba tônica de alguma palavra de efeito e todas essas fotos de menina desarraigada de tudo e de todos só escorrem tristeza e insegurança.
Sou patética. Digo isso não como descoberta, e sim como atestado. Nunca tive objeções em ser boba quando estávamos juntos; você fazia disso tudo uma arte. Às vezes, eu morria de vergonha e de rir só por conta dessa tua mania de fazer pouco das convenções sociais de etiqueta e comportamento. De fato, essas lembranças ainda me arrancam um sorriso de canto de boca, e foi assim até eu te ver ao longe, de mãos dadas, conversando com outra garota.
Hey! Essa covinha é minha! Não sorria para outra pessoa!
Sou possessiva, chata e, absolutamente, patética. Você sempre foi tão enérgico em tudo que dizia. Gesticulava, encenava, simulava até os sons de onomatopéias com a boca, enquanto eu apenas ria com os olhos. Com esse ar de garota tímida, costumava sussurrar sentimentos e prazer apenas ao teu ouvido, mas agora, grito desesperadamente em frases de MSN uma felicidade que jamais será minha. Também sou egoísta; não quero sofrer sozinha, barganho tua companhia ao menos em meio a uma dor de consciência compartilhada. Por isso faço um escândalo para todo mundo, no intuito de que apenas você repare, na esperança de que só você se importe.
Combino noitadas, saídas, baladas com as amigas, quase como um paleativo para a dor de uma doença que não tem cura imediata. Gasto uma semifortuna em adereços para rebocar, sem sucesso, o muro de tristeza que oprime o meu coração. Esse muro que me deixa estagnada em hipóteses de uma vida a dois, mas que futuramente será corroído pela ação do tempo, ou talvez, só talvez, seja demolido pelo retorno do sorriso que movimenta o meu mundo.

7 comentário(s):