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sexta-feira, 29 de agosto de 2008

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Animosidade...

Bancar o ocupado dá mais trabalho que eu imaginava. Estagiar pela manhã e estudar pela tarde/noite exige uma organização que ainda não possuo. Quem sofre com isso é o meu corpo, sem a academia, e minha mente, sem o blog. Mas deixando a auto-piedade de lado, nunca pensei que um ambiente de trabalho fosse um local tão peculiarmente insuportável.
Deve ser porque, em toda a minha vida, sempre pude escolher com quem me relacionar ou não. Aí de repente me jogam dentro de um cubículo 3 x 4 com pessoas tão assustadoramente previsíveis e me obrigam a ter uma boa relação com todas, sem perder a calma, pois elas não fazem a menor questão de se dar bem comigo. Gente burra e mal comida, que esconde os 27 anos num rosto de 35 e se acha a pessoa mais atarefada do mundo, sempre fazendo questão de transbordar todo o desprezo pelas pessoas que parecem mais calmas que ela. Vem de três relações frustradas, com namorados que a trocaram por meninas mais novas e mais supérfluas, e acha que tudo foi culpa dela, por nunca ter alcançado um orgasmo.
Gente mal comida faz de tudo para contaminar todo mundo com seu estresse, que diz ser proveniente do excesso de trabalho, ao passo que vive de usar o msn e passar fotos pro computador.
Gente burra e mal comida é uma colocação redundante. Outro dia estava eu, com minha melhor cara de "o-mundo-que-se-acabe", enquanto uma dessas se esforçava em demonstrar o cansaço de uma hora e meia de trabalho em frente ao computador. A internet cai, e logo vejo o furacão Katrina entrar alvoroçado pela minha sala. Os barulhos irritantes dos saltos apressados, mexendo em todos os fios, como se por milagre a rede fosse voltar. Olha pra mim com raiva, como se eu fosse o culpado por aquilo, e se maldiz com o excesso de trabalho. Muda o computador de lugar, achando que vai dar jeito. Controlo meu impulso de sugerir que ela suba na cadeira e coloque o computador sobre a cabeça, pra pegar algum sinal... Mas não, minha língua não estava satisfeita. Porque quando ela não é extremamente ácida, tenta se passar por apascentadora de situações.
A verdade, é que gente mal comida é doída por natureza, e só espera a mínima oportunidade para soltar os cachorros em cima de qualquer pessoa em posição igual ou inferior a ela. Nunca fazem a mínima questão de atentar ao genuíno intuito de um pedido de calma, que é o de melhorar as coisas; preferem dizer para eu cuidar da minha vida.
Bem feito pra mim. Ser solícito tem dessas coisas: as pessoas não fazem a menor questão de dar margem a uma boa interpretação do que é dito, com a mesma intensidade com a qual nunca estão satisfeitas. Se me ofereço, sou o intrometido, se me calo, sou o cara-sem-ação. Pouco importa... Todo mundo tá certo, menos eu. Talvez com mais algumas situações dessas eu possa deixar de querer abarcar o mundo com meus braços, e de enroscá-lo com minha língua.

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