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sexta-feira, 22 de agosto de 2008

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Densidade...

Não sei porque continuo insistindo em atitudes destoantes. Tudo que tento ser e não consigo só me instiga autopiedade. Cansei. O pior é que já cansei outras vezes, e voltei a bater na mesma tecla. Fiz-me esquecer os saldos degradantes e voltei a encravar as unhas nas paredes da superficialidade, na tentativa de não deixar-me arrastar pelo vendaval de meus conflitos filosóficos. Crise personalística? Antes fosse... Mas provavelmente é o contrário. A raiva se dá pelo marasmo de ser sempre um arquipélago de uma ilha só. O rostinho pretensioso, as piadas instantâneas e os pensamentos profundos embebidos em sutilezas. Eu devia estar satisfeito, não? É o suficiente conseguir fazer valer minha opinião em quase todos os assuntos e até passar por sábio com uma ou outra citação de algum livro que decorei a contracapa. Tanta gente admira esse estereótipo. Eu também, mas não sempre. E me atrevo a pensar que todo mundo não gosta de si mesmo, um dia ou outro. Aí está o problema. A vantagem de quem não tem personalidade é poder navegar em qualquer maré, e às vezes nem saber que se está navegando. Pois se eu saio e deixo guardado o meu coração em alguma gaveta cheia de tralhas, só pra ele dar um espacinho a mais pro meu [maldito] ego, escondendo meus dilemas por trás de qualquer perfume caro ou barba bem feita, é porque eu só quero ludibriar qualquer menina de olhos azuis e cabelo escovado, sem preocupar-me com a minha sensatez, e não quero ligar se aquele cara boa pinta tão convincente e persuasivo quanto um chimpanzé, acaba por lograr êxito. Entretanto, nunca vou conseguir. O elo é forte demais, e o coração dói à distância. Ele sempre liga a cobrar e exige alguma satisfação que nunca posso negar.
Quanta mediocridade(!). Mas nem é. Só é medíocre quem sequer tem consciência de sua própria situação. Eu sou apenas um arrogante qualquer que só tem certeza sobre o que não é. Não posso me fixar em nada, porque o vendaval vem de dentro e não pode ser vencido. Não posso me agarrar em nenhuma coluna de qualquer ideologia fajuta que me deixe menos ácido, porque a tempestade sou eu, e é maior que eu.
Não deveria obrigar ninguém a ler esse expurgo de palavras, mas meu egoísmo prevaleceu. Perdoem-me, estimados leitores. Ao menos prometo a vocês que não me deixarei iludir por um texto leviano com assertações contundentes. Não consigo ser nem um, nem o outro. Só me resta a prepotência.

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