Pages

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

3

Propósito...

Tenho que confessar: realmente desenvolvi um dom. Tentei não relevar por um tempo, mas de fato tenho o dom de fazer as coisas erradas. Não é tão ruim quanto parece. Fico mal por um tempo, mas acabo por sempre aprender alguma coisa com os erros.
Nunca fui muito obcecado pela ascenção social, porque nunca me deixaram faltar nada. Sempre fui o cara que recompensava o investimento dos pais com o estudo, que demorou para pegar no carro a primeira vez, que conciliava o dinheiro da saída com o dos passes estudantis, que nunca teve muito a esbanjar, mas que nunca teve nada em falta. Entretanto, hoje algo me faltou. E em meio à ausência, se fez presente aquele terrível sentimento de impotência. De ter que ouvir números e tê-los ecoando na minha consciência. E foi ruim. Ruim demais... E eu, que nunca tive uma grande inspiração para as ambições materiais, aprendi que tenho que ganhar dinheiro.
Não sei o quanto, não sei se tenho que ficar rico, mas só não quero ter que ouvir as pessoas que gosto se lamentando por causa de dinheiro, sem poder ajudá-los. Não me julguem tão altruísta, não tenho a pretensão de resolver os problemas de metade da cidade. Eu só quero ter dinheiro para não ouvir mais falar tanto nele. Para entrar naquela loja de qualidade e comprar aquela camisa que ficaria ótima em meu pai, ou para comprar de volta o tempo que fiz o meu tio perder (sim, o dinheiro pode comprar o tempo).
Rogo a Deus para que as riquezas não corrompam meus ideais. Dizem que quanto mais se tem, mais se quer ter... E eu detestaria ser assim. Pobres os que vivem de juntar bens sem ter tempo de usufrui-los, pois nada do que ganham irá para o além-túmulo. Tristes os que sempre tiveram tudo ao simples estalar de dedos, pois nunca aprenderão a valorizar nada. Já eu, apenas quero ganhar tanto até o ponto de não mal acostumar meus filhos.

3 comentário(s):