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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

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50 no corpo de 20...

Mal adentrei ao recinto e já fui recebido com um abraço junto a um pedido de explicações sobre o atraso. A gravata rosa cintilante ainda rendeu um par de piadas, mas esse teu terno... Cara, tu se formou!
Logicamente, não abstraí a unicidade desse fato logo de cara. Estava muito ocupado perambulando por entre as mesas, cumprimentando a família que eu já considerava tão minha quanto tua. Todas as tias e avós que já me tinham por filho, sobrinho, neto, enteado... Que sempre faziam questão de me apresentar para os ainda não conhecidos, como o garoto que cresceu junto aos familiares; menino bom, educado, e todos esses adjetivos próprios das avós para com os netos. Sentir-me tão querido sempre fez meus olhos brilharem ao falar sobre vocês para qualquer um, mesmo com a notável distância física que o tempo e a rotina impuseram entre nós.
Só um evento importante assim para reunir amigos de colegial. As tentativas frustradas de marcar um jogo de futebol, uma pizza ou uma noite de video-game foram todas vingadas em grande estilo. O tempo fez bem às nossas fisionomias, contudo, os apelidos da época na qual éramos conhecidos por nossas características mais desengonçadas, ainda predominam em encontros tão nostálgicos.
Tão logo sentamos juntos, uma música saudosa começou a tocar, enquanto confabulávamos sobre eventos que eu nem lembrava mais. Houve aquele silêncio intangível, quase como uma epifania coletiva, seguida da saudade de todos os solados de pé perdidos no asfalto, dos anseios de namoricos do ensino médio e de todos os momentos embaraçosos dignos apenas dos adolescentes. Uma overdose de lembranças a despencar com o peso dos anos que eu sequer possuía.
E agora você tá formado, cara! Estamos realmente trabalhando e já temos direito a dizer que "as coisas do nosso tempo eram diferentes". Tudo bem, essa minha velhice precoce sempre será exagerada e, provavelmente, vai me acompanhar pelo resto da vida. Todavia, dizem que a sabedoria acompanha a velhice. E eu realmente creio que poucas coisas são mais sábias que valorizar antigas e duradouras amizades.

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