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quinta-feira, 25 de setembro de 2008

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Artimanha...

Acho que sou mesmo um indeciso. Assim, sem rumo, em permanente construção. Não de sentido evolutivo, e sim indefinido. Vivo de uma miscelânia de coisas, mas nenhuma delas é minha. Pego uma ponta de romance aqui, uma leva de ironia ali, e faço qualquer concha de retalhos disfarçada de uma grande coisa.Talvez nem tão grande assim. Só bonitinha, concatenada e, às vezes, suficientemente polida. Procuro umas polissílabas pouco conhecidas e as espremo até caberem em alguma passagem de um texto que já escrevi. Estufo o peito, orgulhoso, e até mostro a alguém, mesmo sabendo o quanto precisa ser melhorado. Ao menos vai servir por uma semana antes de eu cobrar a mim mesmo aquela velha 'inspiração' para a escrita.
Enquanto isso, eu faço toda essa pinta de cult, que só surge entre os que escrevem muito além da abstração das pessoas, ou muito abaixo dela. Coisa difícil é ser direto. Não dá mesmo. É mais cômodo permanecer assim: irresoluto. Sempre a dar uma margem a uma interpretação inteligente de algo que nunca passou pela minha mente. Deve ser algum mecanismo autônomo de defesa do próprio ser. Algo como um medo bobo de ser interpretado e compreendido. É que será menos entediante para todo mundo, se eu permanecer com esse papinho intimista cheio de um mistério de botequim. Se me entendessem, acabariam por dizer: "Porra, é só isso?". Seria muito sem graça.

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