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sábado, 28 de agosto de 2010

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Um Sopro de Vida...

Mal cheguei ao shopping e já te avistei a meia distância, com os óculos prendendo os cabelos, a bolsa na mão e a postura empertigada de mulher fina, contrastando com os olhos luzentes pelos sapatos na vitrine. Meu Deus, como você é linda... E eu transpirando até a alma, recém-chegado de um forno sobre rodas, disfarçando com os dedos o suor descendo pelas têmporas. Tento esperar o ar climatizado fazer um pouco de efeito antes de aproximar-me, mas desde quando eu te assustei pelas costas noutro dia, você desenvolveu um costume de ocasionalmente olhar para trás para ver se eu já não viria com meus hábitos de menino traquina.
Nem tive tempo de me afastar, e você já sorria fazendo mênção de chegar perto e me abraçar. "Tô suado, amor..." Você nunca ligava para isso em nossos encontros vespertinos, exceto pelos delicados sopros de compaixão, na tentativa de amainar os efeitos do clima.
Sentamos, conversamos e a tarde passou apressada, assim como esses dois anos. Tudo corre muito depressa enquanto o meu mundo pára durante o teu sorriso. O relógio martela nossa consciência, nos despedimos, mas vou junto com você. Meu ônibus é outro, minha casa tem outro rumo, mas meu amor não se acomoda dentro de mim. Ocupa o caminho até a tua morada e vai junto ao teu pensamento. O frio na barriga, a perfeição dos olhos fechados, os timbres da música... Uma lufada de ar me atinge, lembrando os teus sopros de agora a pouco, que parecem ter a mesma idade de todas as outras memórias.
Só você, meu bem, para tirar palavras de mim depois de tanto tempo... Porque escrever por tristeza é fácil, mas falar de amor fica cada vez mais difícil, por conta desses passeios que meu coração faz da minha casa até a tua.

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